Giovanna Caleiro
1 min readJan 30, 2022

a primeira e única vez que falei que te amava, nós estávamos deitados na cama de outra pessoa. “você tá com medo?”, eu perguntei. você disse que sim. “não precisa ter medo não” e, antes que você desse uma resposta engraçadinha, emendei: “eu amo você”. você ficou um pouco sem graça, mas disse que me amava também. foi a única vez.

agora penso que coisa ingênua de se dizer, essa. não fica com medo, eu amo você. meu amor não é onipotente, não tirou o medo de você. eu também tava morta de medo. passei aqueles dias todos numa mistura de medo e tesão, sem conseguir pisar direito no chão, a cabeça sempre em outro lugar. em você e nela. quando tudo acabou, foi como se nem tivesse começado. a vida não tinha como ser tão boa, era um delírio. a gente inventou e destruiu. e quando acabou, foi como se nunca tivesse acontecido, eu e você dois estranhos de novo.

nunca mais a gente disse que se amava. mas eu ainda sinto muito medo.

Giovanna Caleiro

Dedicated to everyone who wonders if I’m writing about them. I am.